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REINO DE ROMA

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Reino de Roma

Reino de Roma ou monarquia romana é a expressão utilizada por convenção para definir o Estado monárquico romano desde a sua origem até a queda da realeza em 509 a.C. A documentação desse período é precária, e até mesmo os nomes dos reis são desconhecidos, citando-se apenas os reis lendários, apresentados nas obras de Virgílio e Tito Livio

As origens da monarquia são imprecisas, se bem parece claro que foi a primeira forma de governo da cidade, um dado que parece confirmar a arqueologia e a linguística. Durante esse período o rei acumulava as funções executiva, judicial e religiosa, embora seus poderes fossem limitados na área legislativa, já que o senado, ou Conselho de Anciãos, tinha o direito de veto e sanção das leis apresentadas pelo rei. A ratificação dessas leis era feita pela assembleia ou cúria, composta de todos os cidadãos em idade militar. Na fase final da realeza, a partir do fim do século VII a.C., Roma conheceu um período de domínio etrusco, que coincidiu com o início de sua expansão comercial.

Fundação

Lenda

Na Eneida de Virgílio e na Ab Urbe condita libri de Tito Lívio, Eneias, filho da deusa Vênus foge de Troia com seu pai Anquises, seu filho Ascânio e os sobreviventes da cidade. Com este realiza diversas peregrinações que o levam, por fim, ao Lácio, na Itália. Lá ele é recebido pelo rei local Latino que oferece a mão de sua filha, Lavínia. Isto provoca a fúria do rei dos rútulos, Turno, um poderoso monarca italiano que havia se interessado por ela. Uma terrível guerra entre as populações da península eclode e como resultado, Turno é morto. Eneias agora casado funda a cidade de Lavínio em homenagem a sua esposa. Seu filho, Ascânio governa na cidade por trinta anos até que resolve se mudar e fundar sua própria cidade, Alba Longa

Cerca de 400 anos depois, o filho e legítimo herdeiro do décimo-segundo rei de Alba Longa, Numitor, é deposto por um estratagema de seu irmão Amúlio. Para garantir o trono, Amúlio assassina os descendentes varões de Numitor e obriga sua sobrinha Reia Sílvia a tornar-se vestal sacerdotisa virgem, consagrada a deusa Vesta, no entanto, esta engravida do deus Marte e desta união foram gerados os irmãos Rômulo e Remo. Como punição Amúlio prende Reia em um calabouço e manda jogar seus filhos no rio Tibre. Como um milagre, o cesto onde estavam as crianças acaba atolando em uma das margens do rio no sopé do monte Palatino onde são encontrados por uma loba que os amamenta. Tempos depois, um pastor de ovelhas chamado Fáustulo encontra os meninos próximo ao pé da Figueira Ruminal Ficus Ruminalis. Ele os recolhe e leva-os para sua casa onde são criadas por sua mulher Aca Laurência

Rômulo e Remo crescem junto dos pastores da região praticando caça, corrida e exercícios físicos; saqueavam as caravanas que passavam pela região a procura de espólio. Em um dos assaltos, Remo é capturado e levado para Alba Longa. Fáustulo, então, revela a Rômulo a história de sua origem. Este parte para a cidade de seus antepassados liberta seu irmão, mata Amúlio, devolve Numitor ao torno e dá a sua mão todas as honrarias que lhe fossem devidas. Percebendo que não teriam futuro na cidade, os gêmeos decidem partir da cidade junto com todos os indesejáveis para então fundarem uma nova cidade no local onde foram abandonados. Rômulo que chamá-la Roma e edificá-la no Palatino, enquanto Remo deseja nomeá-la Remora e fundá-la sobre Aventino. É o próprio Tito Lívio quem se refere às duas versões de maior credibilidade dos fatos:

"Como eram gêmeos e o respeito à progenitura não podia funcionar como critério eletivo, cabia aos que protegiam aqueles lugares indicar, através dos auspícios, quem seria escolhido para dar o nome à nova cidade e reinar depois da fundação. Assim, para interpretar os auspícios, Rômulo escolheu o Palatino e Remo escolheu o Aventino. O primeiro presságio teria cabido a Remo. Como Rômulo estava afastado quando o presságio foi anunciado, os respectivos grupos proclamaram um e outro como reis ao mesmo tempo. Uns sustentavam que tinham direito ao poder com base na prioridade no tempo, outros com base no número de pássaros vistos. Surgiu assim uma discussão e da luta raivosa de palavras se passou ao sangue: Remo, golpeado na cabeça, caiu por terra. É mais notável a versão segundo a qual Remo, para surpreender o irmão, teria escalado os muros recém-construídos (pomerium), e Rômulo, com raiva, teria ameaçado com estas palavras: "Assim, de agora em diante, morra quem escalar os meus muros". Deste modo, Rômulo se apossou sozinho do poder e a cidade fundada tomou o nome do fundador.

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 Arqueologia

Autores clássicos como Tito Lívio, Plutarco e Dionísio de Halicarnasso basearam seus relatos em fragmentos de obras de escritores mais antigos, como Helânico de Mitilene, autor grego do século V a.C. Além disso, tais autores, tentaram encontrar explicações racionais para passagens improváveis do mito de criação da cidade, como p. ex. a loba capitolina. Os romanos designavam pela mesma palavra, lupa, a fêmea do lobo e a prostituta. Dessa forma, historiadores afirmam que na realidade a ama dos gêmeos teria sido Aca Laurência, mulher de Fáustulo, que teria exercido o ofício de prostituta.

Os primeiros habitantes de Roma, os latinos e sabinos, integram o grupo de populações indo-europeias originárias da Europa Central que vieram para a península Itálica em ondas sucessivas em meados do milênio II a.C.; Latim Vetus era o antigo território dos latinos, atualmente o sul do Lácio. As colinas de Roma começaram a ser ocupadas nos primórdios do milênio I a.C.; fossas de incineração os indo-europeus incineravam seus mortos no Fórum Romano e no Palatino provam a povoação do lugar desde o século X a.C. Os povoados locais eram habitados por camponeses que vivam, sobretudo, do pastoreio. Eram aldeias de planta circular sobre um soclo de madeira para isolá-las da umidade e tinham uma única porta, precedida por um pórtico; urnas funerárias representam as cabanas circulares de telhado de palha dos habitantes das colinas do início da Idade do Ferro. Estas aldeias, em caso de perigo, uniam-se em confederações para enfrentar os inimigos.

Por muito tempo postulou-se que os verdadeiros fundadores da cidade propriamente dita foram os etruscos que instalaram-se na região no século VI a.C., no entanto, recentes descobertas arqueológicas apontam para outra teoria: na parte norte do Palatino, mais precisamente no Fórum Romano, foram descobertos três recintos sucessivos sobrepostos, o mais recente datando dos séculos VII-VI a.C., enquanto os mais antigos, dos séculos VIII-VII a.C. Segundo Francis Owen, os fundadores de Roma teriam sido imigrantes possivelmente aparentados como os celtas ou germânicos, pois, segundo ele, na aparência física, a aristocracia romana diferia da maioria da população do resto da península: os registros históricos ressaltam uma grande quantidade de personalidades históricas como louras, além disso, 250 indivíduos são registrados com o nome de Flavius, que significa "loiro", e há muitos chamados Rufus e Rutilius, que significam cabelo vermelho ou avermelhado; muitos deuses romanos possuem madeixas loiras.

  Localização

Roma cresceu na margem esquerda do rio Tibre, a cerca de 25 quilômetros de sua foz, num trecho navegável do rio, portanto com acesso fácil ao mar Tirreno. Tinha as vantagens de uma posição ao mesmo tempo marítima e do interior. Situada a cerca de vinte quilômetros das colinas Albanas, que constituem uma defesa natural, e numa planície suficientemente afastada do mar, a cidade não precisaria temer incursões dos piratas. Além disso, tanto o próprio rio e a ilha Tiberina como os montes Capitólio e Palatino operavam como cidadelas naturais facilmente defensáveis. Contudo, o maior triunfo de Roma quanto a sua localização foi a proximidade como o rio Tibre. Este desempenhou papel fundamental no desenvolvimento econômico da cidade porque as mercadorias que provinham do mar tinham que subir pelo curso do rio para serem dirigidas quer para a Etrúria, quer para a Campânia grega Magna Grécia. Desse modo, Roma era capaz de monopolizar o tráfego terrestre, uma vez que estava situada na intersecção das principais estradas do interior italiano. Além disso, por haver importantes salinas nas proximidades da cidade, Roma conseguiu transformar-se em ponto de mercado perfeito da "via do sal", futuramente conhecida como via Salária

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  Características da monarquia romana

Antes das etapas, republicana e imperial, Roma foi uma monarquia governada por reis em latim, rex, Pl. reges. Todos os reis de Roma, exceto Rômulo por ter sido o fundador da cidade, foram eleitos pela população de Roma para governar de forma vitalícia, e nenhum deles usou a força militar para ascender ao trono. Embora não haja referências sobre a linha hereditária dos primeiros quatro reis, a partir do quinto rei, Tarquínio Prisco, a linha de sucessão fluiu através de mulheres da realeza. Em consequência, os historiadores antigos afirmam que o rei era eleito por suas virtudes e não por sua descendência.

Os historiadores clássicos de Roma tornam difícil a determinação dos poderes do rei, já que se referem que o monarca possui os mesmo poderes dos cônsules. Alguns escritores modernos creem que o poder supremo de Roma residia nas mãos do povo, e o rei só era a cabeça executiva do senado romano, embora outros crêem que o rei possuía poderes de soberania e o senado tinha correções menores sobre sua jurisdição.

O que se conhece com certeza é que só o rei possuía o direito de auspicium, a capacidade para interpretar os desígnios dos deuses em nome de Roma como o chefe de áugures, de forma que nenhum negócio público podia ser realizado sem a vontade dos deuses, dada a conhecer mediante os auspícios. O rei era portanto reconhecido pelo povo como a cabeça religiosa nacional, o chefe executivo religioso e o mediador ante os deuses, pelo qual era reverenciado com temor religioso. Tinha o poder de controlar o calendário romano, dirigir as cerimônias e designar os cargos religiosos menores. Foi Rômulo que instituiu o corpo de augures, sendo o mesmo reconhecido como o mais destacado entre todos eles, da mesma forma que Numa Pompílio instituiu os pontífices, atribuindo-lhes a criação do dogma religioso de Roma.

Mas além de sua autoridade religiosa, o rei era investido com a autoridade militar e judicial suprema mediante ao uso do imperium. O imperium do rei era vitalício e sempre o protegia de ser levado a juízo de suas ações. Ao ser o único dono do imperium de Roma nesta época, o rei possuiu autoridade militar indiscutível como comandante e chefe de todas as legiões romanas. Da mesma forma, as leis que salvaguardavam os cidadãos dos abusos cometidos pelos magistrados com o imperium ainda não existiam durante a etapa monárquica.

O imperium do rei lhe outorgava tantos poderes militares como a capacidade de emitir juízos legais em todos os casos, ao ser o chefe judicial de Roma. Embora ele pudesse designar pontífices para que atuassem como juízes menores em alguns casos, só ele tinha a autoridade suprema em todos os casos que lhe são apresentados, tanto civil como criminal, em tempo de guerra e paz. Um conselho assistia ao rei durante todas as audições, embora sem poder efetivo para controlar as decisões da monarquia. Enquanto alguns autores argumentam que não havia apelação possível as decisões do rei, outros opinavam que qualquer proposta de apelação podia ser levada ante o rei por um patrício, mediante a reunião da assembleia curiata.

Outro dos poderes do rei era a capacidade para designar o nome de cargos ou ofícios, entre eles o tribunus celerum que exercia tanto o desígnio de tribuno dos Ramnes (romanos), como de comandante da guarda pessoal do rei, um cargo comparável ao de prefeito do pretório existente durante o Império Romano. Este era o segundo maior cargo, ficando atrás do próprio monarca. Possuía o poder de convocar a assembleia curiata e ditar leis sobre ela. O tribunus celerum devia abandonar seu mandato após a morte do monarca.

Outro cargo designado pelo rei era o prefeito urbano, que atuava como o guardião da cidade. Quanto o rei estava ausente de Roma, este cargo recebia todos os poderes e capacidades do rei, a ponto de apoderar-se do imperium enquanto estivesse na cidade. Outro privilégio exclusivo do rei era de designar os patrícios para atuarem como senadores.

Sob o governo dos reis, o senado e a assembleia curiata tinham em verdade pouco poder e autoridade. Não eram instituições independentes, no sentido de que só podiam reunir-se, e de forma conjunta, por ordem do rei, e só podiam discutir os assuntos de Estado que o rei havia exposto previamente. Enquanto que a assembleia curiata tinha ao menos poder de aprovar leis quando o rei assim lhe concedia, e o senado era apenas um conselho de honra do rei. Podia aconselhar o rei sobre seus atos, porém não podiam expor suas opiniões. A única ocasião em que o rei devia contar expressamente com a aprovação do senado era em caso de declarar guerra a uma nação estrangeira.

As insígnias e honras dos reis de Roma consistiam em 12 lictores portando as fasces que continham machados, o direito de sentar-se sobre a silla curul, a toga picta púrpura, calçando sapatos vermelhos, e um diadema prateado sobre sobe a cabeça. De todos estes distintivos, o mais destacado era a toga púrpura.

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 A eleição do rei

Uma vez que o rei falecia, Roma entrava em um período de interregnum. O senado podia congregar e designar um interrex durante um curto período normalmente, menos de um ano para poder manter a auspicia sagrada enquanto o trono estiver vago; em vez de nomear um único interrex, o senado nomeava vários que se sucediam no tempo até que se nomeasse um novo monarca.

Quando um interrex designava um candidato para ostentar o diadema real, apresentava o mesmo ao senado, e este examinava o candidato e, se aprovado sua candidatura, o interregno devia reunir a assembleia curiata e servir como seu presidente durante a eleição do rei. Esta instituição passou a primeira etapa da república, quando a monarquia foi abolida com a expulsão de Tarquínio, o Soberbo, e entrava em ação quando os cônsules morriam durante o exercício de seu cargo antes de poder celebrar as eleições consulares.

Uma vez proposta a assembleia curiata, o povo romano podia aceitar ou rechaçar o candidato. Se aceito, o rei eleito não podia assumir o trono de forma imediata, mas deviam suceder outros dois passos mais antes de ser investido com a autoridade e o poder real.

Em primeiro lugar, devia obter a aquiescência divina, sendo convocados os deuses mediante os auspícios, já que o rei tinha de ser o sumo sacerdote de Roma. Esta cerimônia era dirigida por um augur, que conduzia o rei eleito até a cidadela, onde o augur sentava o rei em um assento de pedra, enquanto o povo esperava seus pés. Se era tido como digno para o reinado, o augur anunciava que os deuses haviam mostrado sinais favoráveis, confirmando desta forma o caráter sagrado do rei.

O segundo passo que devia levar-se a cabo era a concessão do imperium ao novo rei. O voto anterior da assembléia curiata só havia determinado quem podia ser o rei, e não se era valido para outorgar os poderes preciosos do rei sobre o candidato eleito. Portanto, o mesmo rei propunha a assembleia curiata uma lei Lex curiata de imperio pela qual obtinha o imperium, que era concedido ao monarca mediante o voto favorável da mesma. A razão para este duplo voto da assembleia curiata não esta muito clara. O imperium só podia ser conferido à pessoa que os deuses haviam encontrado favorável, sendo por tanto necessário determinar primeiro quem havia de ser a pessoa que era capaz de obter o imperium, e quando os deuses se mostravam favoráveis ao candidato, havia de lhe conceder o imperium mediante o voto especial.

Em teoria, o povo romano era quem elegia seu líder, se bem que o senado tinha quase todo o controle sobre o processo eleitoral.

  Instituições políticas

Além do rei, o governo monárquico contava com um senado e uma assembleia.

Senado romano: era uma espécie de conselho de anciãos, formado apenas pelas famílias mais importantes da cidade. Essas famílias faziam parte dos patrícios, ou seja, a aristocracia de Roma. Era função do senado escolher o rei, discutir as propostas apresentadas pelo monarca e vetá-las, caso violassem as tradições e os interesses dos patrícios. Seus membros recebiam, provavelmente, a designação de pater.

Assembleia curiata : compunha-se de todos os cidadãos em idade militar; também era dominada pelos patrícios. Cabia à assembleia aprovar o nome do rex sacrorum escolhido pelo senado, declarar guerra e firmar paz. Também lhe era creditado o poder de aprovar e rejeitar leis. Contudo, conforme a tradição, as decisões do soberano não eram contestadas.

 Sociedade romana no período monárquico

A sociedade se baseava na gens, um grupo de pessoas com um antepassado comum. A família romana teve origens nas gens, dirigidas pelo pater-familias, o elemento mais velho, que tinha autoridade sobre os filhos e os bens do grupo, inclusive os escravos. Aos poucos, a família romana tornou-se mais importante que a gens, pois os patres-famílias passaram a ocupar cargos importantes na direção da cidade. A sociedade era dividida em quatro classes:

Patrícios ou aristocratas - Descendentes dos pater-familias, eram grandes ou médios proprietários de terras que tinham prestígio e alguns deles participavam do senado. Muitas vezes se aproveitavam desse poder político em benefício próprio, por exemplo, utilizando para si o ager publicus, terras que pertenciam ao governo. Como os patrícios participavam do governo, decidiram que esse privilégio atingiria somente sua camada social.

Plebeus - Eram pequenos proprietários de terras agricultores, comerciantes, artesãos, pastores e estrangeiros. Não tinham direitos políticos e não podiam utilizar as terras públicas, embora fossem considerados cidadãos pagando impostos e prestando serviço militar. Era proibido o casamento entre plebeus e patrícios para que, assim, não houvesse uma mistura de ambas as classes sociais.

Clientes - Pessoas livres e pobres, predominantemente composta por camponeses, que se aproximavam de um patrício em busca de proteção das leis para si e para sua família. Como as leis só amparavam os patrícios, cada vez mais, tornou-se necessário buscar ajuda junto a quem tinha poder. Criaram-se, então, laços de dependência mútua entre o cliente-protegido e o patrício-protetor. Prestavam todo tipo de serviço aos patrícios ganhando em troca, proteção, terra, trabalho e comida. Para os patrícios, quanto maior fosse a quantidade de clientes protegida por ele, maior era o seu prestígio político.

Escravos - Recrutados principalmente entre os derrotados da guerra, eram considerados propriedade de seu senhor, podendo ser vendidos, trocados, alugados ou castigados. Como escravo, a pessoa não detinha nenhum direito, como o de se casar, deslocar-se de um lugar para outro, participar das assembleias e tomar decisões. Além da escravidão por guerra ainda existiam outras duas formas. A primeira ocorria quando uma família empobrecida vendia os seus próprios filhos, na condição de escravos. A segunda era como forma de pagamento de dívidas, ou seja, o devedor, impossibilitado de saldar suas dividas, podia se tornar escravo do credor.

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 Reis romanos

Os romanos creditavam o ano de 753 a.C. como o ano da fundação de sua cidade e o início da monarquia, tendo Rômulo como primeiro rei. Era atribuído a cada soberano uma inovação decisiva para a formação das instituições romanas. Durante duzentos e cinquenta anos, a história de cada reinado é centrada num episódio notável que determina o aporte original do soberano.

 Reinado de Rômulo

Rômulo não só foi o primeiro rei de Roma, como também seu fundador, junto a seu gêmeo Remo. No ano 753 a.C., ambos começaram a construir a cidade junto ao monte Palatino, quando, segundo a lenda, Rômulo matou Remo por ter atravessado sacrilegiamente o pomerium. Após a fundação da urbe cidade, Rômulo convidou criminosos, escravos fugidos e auxiliares para darem auxílio na nova cidade, chegando assim a povoar cinco das sete colinas de Roma. Para conseguir esposas a seus cidadãos, Rômulo convidou os sabinos a um festival, onde raptou as mulheres sabinas e as levou a Roma. Após a conseguinte guerra com os sabinos, Rômulo uniu os sabinos e os romanos sob o governo de uma diarquia junto com o líder sabino Tito Tácio

Rômulo dividiu a população de Roma entre homens fortes e aqueles não aptos para combater. Os combatentes constituíram as primeiras legiões romanas; embora o resto tenha de convertido em plebeus de Roma, Rômulo selecionou 100 dos homens de maior linhagem como senadores. Estes homens foram chamados pais e seus descendentes seriam os patrícios, a nobreza romana. Após a união entre romanos e sabinos, Rômulo agregou outros 100 homens ao senado.

Também, sob o reinado de Rômulo, se estabeleceu a instituição dos augúrios como parte da religião romana, assim como a Comitia Curiata. Rômulo dividiu o povo de Roma em três tribos: romanos ramnes, sabinos titios e o resto luceres. Cada tribo elegia dez coviriae cúrias, comunidade de varões, fornecendo também 100 cavaleiros e 10 centúrias de infantes cada uma, formando assim a primeira legião de 300 ginetes e 300 infantes. Ocasionalmente podia convocar uma segunda legião em caso de urgência.

Depois de 38 anos de reinado, Rômulo havia travado numerosas guerras, estendendo a influência de Roma por todo o Lácio e outras áreas circundantes. Pronto seria recordado o primeiro grande conquistador, assim como um dos homens mais devotos, da história de Roma. Após sua morte aos 54 anos de idade, foi divinizado como o deus da guerra Quirino, honrado não só como um dos três deuses principais de Roma, sendo também como a própria cidade de Roma divinizada.

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  Reinado de Numa Pompílio

Após a morte de Rômulo, o reinado da cidade recaiu sobre o sabino Numa Pompílio. No inicio, não desejava aceitar a dignidade real, sendo convencido por seu pai para aceitar o cargo, para servir assim os deuses. Recordado por sua sabedoria, seu reinado esteve marcado pela paz e prosperidade.

Numa reformou o calendário romano, ajustando-o para o ano solar e lunar, adicionando também os meses de janeiro e fevereiro até completar os doze meses do novo calendário. Instituiu numerosos rituais religiosos romanos, como o de Salii, designando também um flamen maioris como sacerdote supremo de Quirino, o flamen Quirinalis. Organizou o território circundante de Roma em distritos, para uma melhor administração, e repartiu as terras conquistadas por Rômulo entre os cidadãos, uma vez que se atribuiu a primeira organização da cidade em grêmios e ofícios.

Numa foi recordado como o mais religioso, mesmo acima do próprio Rômulo. Sob seu reinado se erigiram templos a Vesta e Jano, se consagrou um altar no Capitólio ao deus da fronteira Terminus, e se organizou os flamen, as virgens vestais de Roma e os pontífices, assim como o Collegium Pontificum. A tradição conta que durante o governo de Numa um escudo de Júpiter caio do céu, com o destino de Roma escrito nele. O rei ordenou fazer onze cópias do mesmo, que foram reverenciadas como sagradas pelos romanos.

Como homem bondoso e amante da paz, Numa semeou ideias de piedade e de justiça na mentalidade romana. Durante seu reinado, as portas do templo de Jano estiveram sempre fechadas, como mostra de que não havia empreendido nenhuma guerra ao longo de seu mandato. Após 43 anos de reinado, a morte de Numa ocorreu de forma pacífica e natural.

  Reinado de Túlio Hostílio

De origem latina, Túlio Hostílio foi muito parecido a Rômulo quanto a seu caráter guerreiro, era completamente oposto a Numa devido a sua falta de atenção com os deuses. Túlio fomentou várias guerras contra Alba Longa, Fidenas e Veii, de forma que Roma obteve assim novos territórios e maior poder. Foi durante o reinado de Túlio que Alba Longa foi completamente destruída, sendo toda a população escravizada e enviada a Roma. Desta forma, Roma se impôs a sua cidade materna como poder hegemônico do Lácio.

Tanto desejava Túlio novas guerras que inclusive fomentou outro conflito contra os sabinos, de forma que pôde decidir durante seu reinado quando o povo romano adquiriu os deuses de novas conquistas em detrimento da paz. O rei sustentou tantas guerras que descuidou sua atenção das divindades, pelo qual, segundo sustentam as lendas, uma praga se abateu sobre Roma, fazendo o próprio rei entre os afetados. Quando Túlio solicitou ajuda a Júpiter, o deus respondeu como um raio que reduziu a cinzas tanto o monarca como sua residência.

Apesar de sua natureza beligerante, Túlio Hostílio selecionou um terceiro grupo de indivíduos que chegaram a pertencer à classe patricial de Roma, eleito entre todos aqueles que haviam chegado a Roma buscando asilo e uma nova vida. Também erigiu um novo edifício para albergar o Senado, a Cúria, que existiu durante cinco séculos após a morte do rei, cujo reinado chegou a seu fim após 31 anos de duração.

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  Reinado de Anco Márcio

Após a misteriosa morte de Túlio, os romanos elegeram o sabino Anco Márcio, um personagem pacífico e religioso, para que os governasse como novo rei. Era neto de Numa Pompílio e, como seu avô, apenas estendeu os limites de Roma, lutando apenas em defesa dos territórios romanos quando foi preciso. Foi quem construiu a primeira prisão romana na colina do Capitólio.

Durante seu reinado se fortificou o monte Janículo, na margem ocidental do rio Tibre, para assim brindar maior proteção à cidade por este flanco, também construindo a primeira ponte de Roma. Outras das obras do rei foram a construção do porto romano de Óstia na costa do Tirreno, assim como as primeiras fábricas de salga, aproveitando a rota fluvial tradicional do comércio de sal via salaria que abastecia os agricultores sabinos. O tamanho da cidade se incrementou graças à diplomacia exercida por Anco, que permitiu a união pacífica de várias aldeias menores em aliança como Roma. Graças a este método, conseguiu o controle dos latinos, realojados no Aventino, consolidando assim a classe plebeia de Roma.

Após 24 anos de reinado, morreu possivelmente da morte natural, como seu avô antes que ele, sendo recordado como um de seus grandes pontífices de Roma. Foi o último dos reis latino-sabinos de Roma.

  Reinado de Tarquínio Prisco

Tarquínio Prisco foi o quinto rei de Roma, e o primeiro de origem etrusca, presumivelmente de ascendência coríntia. Após emigrar a Roma, obteve o favor Anco, quem o adotou como seu filho. Ao ascender ao trono, combateu várias guerras vitoriosas contra sabinos e etruscos, dobrando assim o tamanho de Roma e obtendo grandes tesouros para a cidade.

Uma de suas primeiras reformas foi adicionar cem novos membros ao senado, procedentes das tribos etruscas conquistadas, pelo que o número de senadores ascendeu a um total de trezentos. Também ampliou o exercito, duplicando o numero de efetivos até 6.000 infantes e seiscentos ginetes. Utilizou o grande botim obtido em suas campanhas militares para construir grandes monumentos em Roma. Entre estas obras destaca o grande sistema de esgoto na cidade, a Cloaca Máxima, cujo fim foi drenar as águas para o rio Tibre as águas dos pequenos córregos que tendiam a se estagnar nos vales situados entre as colinas de Roma. No lugar dos antigos pântanos, Prisco iniciou a construção do Fórum Romano. Outra das inovações do rei foi a criação dos Jogos Romanos.

O mais célebre dos seus projetos de construção foi o Circo Máximo, um grande estádio que albergava carreiras de cavalos, que é de longo o maior de todos os construídos em todo o mundo. Prisco continuou o Circo Máximo com a construção de um templo-fortaleza sobre a colina do Capitólio, consagrando o deus Júpiter. Infelizmente, foi assassinado após 38 anos de reinado pelos filhos de seu predecessor, Anco Márcio, antes que o templo estivesse pronto. Seu reinado é recordado por haver introduzido os símbolos militares romanos e os cargos civis, assim como pela celebração do primeiro triunfo.

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  Reinado de Sérvio Túlio

Após a morte de Prisco, seu genro Sérvio Túlio lhe sucedeu no trono, sendo o segundo rei de origem etrusca que governava Roma. Como seu sogro anteriormente, Sérvio travou várias guerras vitoriosas contra os etruscos. Utilizou o botim obtendo em suas campanhas para erigir as primeiras muralhas que cercaram as sete colinas romanas sobre o pomerium, as chamadas muralhas servianas. Também realizou mudanças na organização do exército romano.

Ele se tornou famoso por desenvolver uma nova constituição para os romanos, com maior atenção às classes cidadãs. Instituiu o primeiro censo da história, dividindo a gente de Roma em cinco classes econômicas, criando também a assembleia centuriata. Utilizou também o censo para dividir a cidade em quatro tribos urbanas, baseadas em sua localização espacial dentro da cidade, estabelecendo a assembleia tribal. Seu reinado também se destacou pela edificação do templo de Diana na colina do Aventino.

As reformas de Sérvio supuseram uma grande mudança na vida romana: o direito a voto foi estabelecido com base na riqueza econômica, pelo qual grande parte do poder político permaneceu reservado as elites romanas. Contudo, no tempo de Sérvio se favoreceu gradualmente as classes mais desfavoráveis para obter desta forma um maior apoio dentre os plebeus, pelo qual sua legislação pode definir-se como insatisfatória para a classe patricial. O grande reinado de 44 anos de Sérvio Túlio terminou com seu assassinato em uma conspiração urdida por sua própria filha Túlia e seu marido Tarquínio, seu sucessor no trono.

  Reinado de Tarquínio, o Soberbo

O sétimo e ultimo rei de Roma foi Tarquínio, o Soberbo. Filho de Prisco e genro de Sérvio, Tarquínio também era de origem etrusca. Foi durante seu reinado que os etruscos alcançaram a cúspide de seu poder. Tarquínio usou a violência, o assassinato e o terror para manter o controle sobre Roma como nenhum rei anterior havia utilizado, revogando inclusive muitas das reformas constitucionais que haviam estabelecido seus predecessores. Sua melhor obra para Roma foi à finalização do templo de Júpiter, iniciado por seu pai Prisco.

Tarquínio aboliu e destruiu todos os santuários e altares sabinos de Pedra Tarpeya, enfurecendo desta forma o povo romano. O ponto crucial de seu reinado tirânico sucedeu quando permitiu a violação de Lucrécia, uma patrícia romana, por parte de seu filho Sexto. Um parente de Lucrécia e sobrinho do rei, Lúcio Júnio Bruto antepassado de Marco Júnio Bruto, convocou o senado, que decidiu a expulsão de Tarquínio no ano 510 a.C. Tarquínio pode ter recebido então ajuda de Lars Porsena, quem não obstante ocupou Roma para seu próprio benefício. Tarquínio fugiu em seguida a cidade de Túsculo e posteriormente a Cumas, onde morreria no ano 495 a.C. Esta expulsão supostamente pôs fim a influência etrusca tanto em Roma como no Lácio; ocorreu o estabelecimento de uma constituição republicana.

Após a expulsão de Tarquínio, o senado decidiu abolir a monarquia, convertendo Roma em uma república no ano 509 a.C. Lúcio Júnio Bruto e Lúcio Tarquínio Colatino, sobrinho de Tarquínio e viúvo de Lucrécia, se converteram nos primeiros cônsules do novo governo de Roma, e que acabaram atingindo a conquista da maior parte do mundo mediterrâneo, e que se prolongou por quase quinhentos anos, até a ascensão de Júlio César e Augusto.

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  Problemática histórica da monarquia romana

As crônicas tradicionais da história romana, que chegaram até a atualidade através de autores clássicos como Tito Lívio, Plutarco, Dionísio de Halicarnasso entre outros, contam que nos primeiros séculos da vida de Roma houve uma sucessão de sete reis. A cronologia tradicional, narrada por Marco Terêncio Varrão, mostra que foram 243 anos de duração total para estes reinados, isto é, uma que a média era de 35 anos por reinado muito maior que a de qualquer dinastia documentada, ainda que está sendo desestimada atualmente, desde o trabalho de Barthold Georg Niebuhr. Os gauleses, liderados por Breno, saquearam Roma após a vitória na Batalha de Allia em 390 a.C. Políbio da a data de 387 a.C., de forma que todos os registros históricos da cidade foram destruídos, incluindo aqueles de fases mais antigas, assim as fontes posteriores tem de ser analisadas com cautela. As crônicas tradicionais também se vêem inconsistentes ao analisar-se as evidências arqueológicas dos inícios de Roma.

Em algum momento desconhecido da etapa monárquica de sua história, Roma caiu sobre o controle dos reis etruscos. Os reinados dos primeiros monarcas são bastante suspeitos, devido a grande duração média dos mesmos e ao feito acrescentado de que alguns parecem estar arredondados em torno dos 40 anos de duração. Este curioso dado, que inclusive se destaca mais comparado com os reinados da atualidade em que a esperança de vida é maior, ficou explicado nas tradições romanas devido a que a maioria dos reis haviam sido cunhados de seu predecessor. Não obstante, é mais provável que somente os últimos reis desta etapa podem haver existido realmente, enquanto ainda não temos evidências históricas referentes aos primeiros reis de Roma.

Notas

 Especula-se que a palavra "Lácio" tenha se originado da palavra grega latio que significa refúgio. Tal teoria se sustenta no conto mitológico de Saturno que, depois de ser derrotado pelos deuses olímpicos, refugiou-se no Lácio onde construiu uma vila à beira do rio Tibre, no lugar onde depois seria erguida a cidade de Roma; ele ensinou aos habitantes locais como melhor lavrar o solo e cultivar parreiras para produzir vinho. Um festival conhecido como Saturnália, ocorrido em dezembro, foi feito em sua homenagem.

 Na época clássica os romanos festejavam no dia 11 de dezembro o Septimontium, festividade associada a arcaica liga Septimontiale Septimontium ou Septomoncial que agrupava as comunidades dos sete montes: Palatino Palatual e Germal, Velia, Cispis, Fugutal, Oppius e Caelius; os montes Quirinal, Viminal, Capitólio e Aventino não foram incorporados a liga.

EXTRAÍDO DA WIKIPÉDIA

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