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LENDAS DE PORTUGAL

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Lenda da Ermida de Nossa Senhora dos Milagres da ilha do Corvo

No século XVI, num dia de mar manso, andavam homens a bater a costa à procura de restos de madeira trazidos pelas ondas do mar, para queimar como lenha. Por entre as madeiras que tinham dado à costa viram um pequeno caixote a flutuar na linha da maré.

Era um caixote muito bem feito, de madeira clara, já gasta pelo tempo no mar. Estranhando o objeto, trouxeram-no para fora da água e abriram-no com cuidado. Dentro estava uma pequena imagem de uma Nossa Senhora a que só mais tarde os corvinos vieram a chamar dos Milagres.

A notícia do achado correu pela ilha e em pouco tempo as pessoas juntaram-se no local para ver a santinha. Alguém reparou que a imagem tinha uma inscrição: "No lugar onde eu sair, façam-me uma ermida".

Imediatamente ficou decidido construir uma ermida localizada no Alto da Rocha para a Nossa Senhora. Com o passar do tempo, a notícia de que uma imagem da Senhora dos Milagres tinha dado à costa na ilha do Corvo espalhou-se pelas restantes ilhas dos Açores e rapidamente chegou a Lisboa, onde ordenaram que uma nau fosse buscar a imagem para a capital do reino de Portugal.

Apesar de revoltados com o acontecimento, os locais não puderam impedir a partida da imagem, que foi levada para um templo em Lisboa, onde ficou em lugar de destaque num altar dourado. Pouco tempo depois, coisas estranhas começaram a acontecer.

Todas as manhãs a imagem aparecia com o manto molhado, como se estivesse estado metida em água. Começou a dizer-se que a água era salgada e que a Nossa Senhora andava pelo mar: a imagem saía do seu altar de talha dourada todas as noites e atravessava o mar para ir para a sua ilha do Corvo, onde gostava de estar, e voltava pela manhã à igreja onde a tinham colocado.

Só a partir destes acontecimentos e quando a noticia chegou ao Corvo e a imagem também é que os corvinos passaram a chamar a esta imagem de Nossa Senhora dos Milagres. Preocupados com o acontecimento inexplicável, os padres da igreja onde a imagem se encontrava decidiram envia-la de volta ao Corvo.

Quando a imagem de Nossa Senhora dos Milagres voltou à ilha, foi recebida com grande alegria pela população que voltou a coloca-la na sua ermida sobre a rocha, sobranceira ao Porto da Casa, local onde tinha aparecido e queria ter a sua morada. Dali, acredita-se, passou a proteger os corvinos e a fazer muitos milagres.

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Lenda da Urzelina

A Lenda da Urzelina é uma tradição oral da ilha de São Jorge, nos Açores. Versa sobre a origem do nome da localidade de Urzelina.

Conta a lenda que, no cimo da grande cordilheira montanhosa que atravessa a ilha de São Jorge de lés a lés, erguia-se em tempos um grande e majestoso castelo onde vivia o belo príncipe Romualdo.

Juntamente com a sua corte faustosa, entregava-se a orgias, banquetes e várias diversões sem regras ou pudor, que causavam espanto à população que trabalhava com ardor nos vales para se sustentar e à corte de Romualdo.

Como era hábito muitas vezes acontecer, pelos primeiros alvores da madrugada a trombeta real soou no cimo das torres do castelo. Ecoou através das montanhas, anunciando uma grande caçada que ira começar logo ao toque das Ave-Marias.

Em frente à porta principal do castelo foram estacionadas as seges, os cavalos, e apareceram muitos criados de libré, carregados com os apetrechos destinados à caçada. Os camponeses pobres e maltratados já tinham iniciado mais um dia de trabalho duro nos campos, quando se deu o segundo toque da trombeta.

Esta ecoou na madrugada a anunciar a comitiva do príncipe que partiu a grande velocidade, rindo de alegria ao galgar os montes. Assustados com o barulho, os pombos torcazes levantaram vôo em revoada, dos campos e das árvores em redor.

Lina, a amada do príncipe, cavalgava por entre os campos, as urzes e os rochedos, em perseguição dos pombos que lhes fugiam, e sem se aperceber acabou por se afastar da comitiva. Quando os caçadores deram pela falta da princesa, pararam a caçada e puseram-se à procura de Lina, mas a noite caiu e não a encontraram. Com o cair da noite voltaram ao palácio em silêncio, desanimados e tristes.

Desolado, o príncipe mandou encerrar todas as portas do castelo. Mandou parar todas as festas e diversões. Durante as noites e dias seguintes só se ouvia sua a voz soluçante que gritava: "Lina! Lina!", enquanto corria como louco esfarrapado e desgrenhado por precipícios e ravinas à procura da amada.

Depois de dias de busca, quando voltava ao seu castelo já ao fim do dia, o príncipe Romualdo viu um cavalo morto ao fundo de uma profunda ravina, que esmagava Lina com o peso do seu corpo. O príncipe desceu o precipício e lá no fundo encontrou o cadáver da sua princesa, que beijou entre lágrimas.

Cortou uma trança dos seus lindos cabelos louros, apanhou um ramo de urze e aí enrolou a trança, tendo depois voltado ao seu castelo com esta memória. Voltou desalentado, nunca mais querendo saber de festas. Com o tempo os cortesãos do castelo começaram a chamar aquela planta "Urze de Lina".

Conta ainda a lenda que passado pouco tempo o príncipe acabou por morrer de desgosto. Com o passar dos anos este acontecimento apagou-se das memória dos povos e a corte do príncipe Romualdo também. Ficou apenas a sepultura da Lina completamente coberta de "Urze de Lina".

Para completar este quadro e que para não restasse memória física do acontecimento, nem sequer do castelo, Deus fez rebentar um vulcão junto aos alicerces do palácio. As correntes de lava soterraram toda a corte maldosa, destruindo tudo à volta, correndo até ao mar.

Não se sabe, diz a lenda, se por homenagem à dor do príncipe que Deus castigara, ou pela tradição popular, o nome "Urze de Lina" e mais tarde por aglutinação "Urzelina" foi dado a esta povoação à beira-mar.

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Lendas envolvendo os Cavaleiros Templários

O segredo em torno da poderosa ordem medieval dos Cavaleiros Templários, e a rapidez com que desapareceram de repente, no espaço de poucos anos, levou a diversas lendas dos Cavaleiros Templários. Estas vão desde os boatos sobre sua associação com o Santo Graal e a Arca da Aliança, a perguntas sobre a sua associação com a Maçonaria, a procura por um tesouro perdido. Recentes especulações sobre os templários aumentaram ainda mais por causa de referências a eles em livros, best-sellers como "O Código Da Vinci", e filmes como "Indiana Jones e a Última Cruzada" e "A Lenda do Tesouro Perdido".

Muitas lendas cercam o local da primeira sede dos templários no Monte do Templo, que tinha sido atribuído a eles pelo rei Balduíno II de Jerusalém. Eles ficaram em operação há 75 anos. O Monte do Templo é terra sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos, e é o local das ruínas do Templo de Salomão, e de um antigo lugar de repouso da Arca da Aliança.

Livros Pseudo-históricos, como "The Holy Blood and the Holy Grail" alegam que os templários descobriram documentos escondidos nas ruínas do Templo, que "provam" que Jesus sobreviveu à crucificação, ou possivelmente "provam" Jesus era casado com Maria Madalena e teve filhos com ela. De fato, a suposição de que os templários devem ter encontrado algo sob o Monte do Templo está no cerne das lendas Templárias e teorias pseudo-históricas.

Não há nenhuma evidência física ou documental, entretanto, para apoiar essa suposição. É verdade que eles são documentados como tendo carregado um pedaço da Vera Cruz em algumas batalhas, mas esta foi provavelmente uma parte da madeira que foi descoberta durante o século IV por Helena de Constantinopla, mãe do imperador Constantino.

A recente descoberta do Pergaminho de Chinon nos arquivos do Vaticano parece absolverem os Templários das acusações de heresia que foram cobradas sobre eles no momento da sua supressão numa sexta feira 13 de outubro de 1307, e que foram rotulados nos séculos desde. Cópias deste documento foram publicados em 2004.

Relíquias

Outras lendas de invenção moderna afirmam que o Santo Graal, ou Sangreal, foi encontrado pela Ordem e levado para a Escócia durante a repressão dos templários em 1307, e que permanece enterrada sob a Capela de Rosslyn. Outras descobertas mais recentes dizem que o Santo Graal foi levado para o Norte de Espanha, e protegido pelos Cavaleiros Templários de lá.

Algumas fontes afirmam que os templários descobriram os segredos dos maçons, os construtores tanto do templo original e do segundo Monte do Templo, junto com o conhecimento que da Arca que havia sido transferida para a Etiópia, antes da destruição do Primeiro Templo.

Alusão a essa é feita em gravuras sobre a Catedral de Chartres, grande influência sobre a construção do que era tido por Bernardo de Clairvaux, patrono da Ordem. Mais ligações para a busca tanto pelo fim da Arca e sua descoberta de segredos antigos do templo supostamente sugerem pela existência da monolítica Igreja de São George, em Lalibela, na Etiópia, mas cuja construção é atribuída incorretamente para os Cavaleiros Templários.

Alguns estudiosos, como Hugh J. Schonfield, e parte dos pesquisadores afirmam que os Cavaleiros Templários podem ter encontrado o tesouro num rolo de cobre dos Essênios de Qumran nos túneis sob o Monte do Templo. Eles sugerem que isso pode explicar uma das acusações de heresia que mais tarde foram postas contra os cavaleiros pela Inquisição medieval.

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Mortes misteriosas dos inimigos da Ordem

O último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, Jacques de Molay, foi queimado na fogueira em 1314, por ordem do Rei Filipe IV de França, que também pressionou o Papa Clemente V que dissolveu a Ordem. Diz a lenda que DeMolay lançou sua maldição de morte contra o Rei e o Papa Clemente V, dizendo que eles iriam encontrá-lo diante de Deus antes do fim daquele ano.

O papa Clemente morreu apenas um mês depois, e Filipe morreu mais tarde naquele ano em um acidente de caça. A sucessão ao trono da França passou rapidamente através dos filhos de Filipe. Luís X de França durou apenas dois anos, deixando uma mulher grávida que deu à luz ao próximo rei, D. João I, o Póstumo, mas o bebê viveu apenas cinco dias antes de sucumbir, provavelmente por veneno.

O trono então passou para o outro dos filhos de Filipe IV, Filipe V, o Alto, que foi coroado com 23 anos de idade, mas morreu aos 29 anos. Como não tinha filhos, o trono foi então ao seu irmão, Carlos IV de França, que morreu seis anos depois, sem um herdeiro do sexo masculino, e assim terminou a Dinastia Capetiana. Muitos acreditam que a dinastia fora amaldiçoada. Uma série de romances do século XX chamado Les Rois malditos Os reis malditos ampliou nesta história.

Sexta-feira 13

Muitas histórias modernas afirmam que, quando o rei Filipe IV tinha prendido muitos Templários simultaneamente em 13 de outubro de 1307, iniciou-se a lenda do dia azarado da sexta-feira 13. No entanto, um exame mais detalhado mostra que, embora o número 13 era de fato considerado historicamente de azar, a associação real da sexta-feira e 13 parece ser uma invenção a partir do início de 1900..

Adoração a Baphomet

O Baphomet é um ídolo supostamente adorado pelos Templários. Um frade occitano de Montpezat, Gaucerant, confessou ter adorado uma "figura Baffometi". A palavra "Baphomet" nunca foi pronunciada pelos acusadores ou pelos templários, mas apenas na sua forma adjetiva "Baphomet" ou "bafométique " O editor e escritor alemão Friedrich Nicolai em seu Versuch über die Beschuldigungen welche dem Templeorden gemacht worden Ensaio sobre as acusações feitas contra os templários e os segredos desse tipo em 1782 , usa primeiramente palavra Bafomet que associa com o Deus supremo dos gnósticos maniqueístas, e foi o primeiro a argumentar que os Templários tinham uma doutrina secreta que foram transmitidas pelos sarracenos, e um sistema de iniciação em graus diversos.

A lenda cresce com o panfreto Mysterium Baphometi revelatum 1819 de um orientalista austríaco, também católico conservador.

Joseph von Hammer-Purgstall afirma que os Templários eram gnósticos, ofitas, apóstatas e idólatras. A idéia de uma Ordem Templária esotérica é popularizada pelo filósofo alemão e anti-racionalista romântico Friedrich Schlegel 1772-1829 em sua Histoire de la littérature ancienne et moderne .

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Alegações de descendências e renascimento

Alguns historiadores e autores têm tentado estabelecer uma ligação da Maçonaria e os seus muitos ramos para os templários. Esta alegada ligação continua a ser um ponto de debate. Graus no Rito Escocês Antigo e Aceito, como o Cavaleiro de Santo André, o Cavaleiro da Rosa-Cruz, e o 32º Grau em Consistório fazem referência a uma "conexão Maçônica-Cavaleiros Templários", mas isso geralmente é julgado cerimonial e não fato histórico.

John J. Robinson defende a ligação templária-maçônica, em seu livro Born in Blood: The Lost Secrets of Freemasonry, na qual ele alega que alguns templários franceses fugiram para a Escócia, após a supressão da Ordem, temendo a perseguição da Igreja e do Estado.

Ele afirma que procuraram refúgio em uma loja de canteiros escocesa em que começaram a ensinar as virtudes da cavalaria e da obediência, usando as ferramentas dos construtores como uma metáfora, e, eventualmente, começaram a receber "maçons especulativos" os homens de outras profissões, a fim de garantir a manutenção da ordem. De acordo com Robinson, a Ordem existiu em segredo desta forma até a formação da Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1717.

Um exemplo de simbolismo maçónico-templário transitório supostamente pode ser encontrado na Capela de Rosslyn propriedade dos primeiros Rosslyn, uma família com laços bem documentados a Maçonaria escocesa, porém a Capela de Rosslyn se remonta, pelo menos, 100 anos após a supressão dos Templários. O caso também é relatado no livro de Michael Baigent e Richard Leigh, The Temple and the Lodge.

No entanto, os historiadores Mark Oxbrow, Ian Robertson , Karen Ralls e Louise Yeoman  cada um deixou claro que que a família Sinclair não tinha qualquer ligação com os Templários. Os Sinclairs "testemunharam contra os Cavaleiros no julgamento de 1309, o que não é compatível com qualquer alegado de apoio ou adesão. Em "The Templars and the Grail Karen Ralls afirma que entre cerca de 50 depsseram contra os templários eram Henry e William Sinclair.

A Ordem do Templo Solar, é um exemplo famoso de um grupo "neo-Templário", fundado em 1984, reivindicaram a descendência original dos Cavaleiros Templários, existem várias outras ordens de auto-intituladas que também dizem serem descendentes ou renascidos da Ordem dos Templários. Uma dessas organizações é a Ordem Suprema Militar do Templo de Jerusalém, uma sociedade ecumênico cristã baseada nas tradições da medievais dos Cavaleiros Templários e nos princípios da cavalaria.

No entanto, a ordem não é uma ordem de cavalaria real, não tendo o reconhecimento oficial do Estado, nem um chefe de Estado como soberano. A SMOTJ foi criada em 1804 e é dedicada à preservação dos locais sagrados em Jerusalém e arredores, as obras de caridade e pesquisas antiquário. Em 2001, a facção mais importante do SMOTJ foi reconhecido pelas Nações Unidas como uma organização não-governamental.

Algumas pessoas apontam algumas semelhanças assumida entre os Cavaleiros Templários e a Suíça , principalmente por causa das bandeiras semelhantes, os Cavaleiros, uma cruz quadrada cortada nas extremidades, e a bandeira da Suíça moderna, uma cruz quadrada, sem fins queimados.

Além disso, os Cavaleiros eram conhecidos por seus bancos. Finalmente, ao longo da história e até hoje, diversas organizações tentaram alegar ligações à Ordem dos Templários original. Até à data, nenhuma dessas afirmações é historicamente verificável nem amplamente aceita. Tesouro

Existem várias lendas sobre um tesouro que alguns templários conseguira esconder do rei Filipe e que mais tarde foi perdido. Uma história diz respeito em particular a Rennes-le-Château, onde o tesouro foi supostamente encontrado no século XIX: uma fonte de especulação para o tesouro seria o tesouro há muito perdido dos Templários.

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Ordem dos Templários na Escócia

Durante o final do século XIII e início do século XIV, a Inglaterra, sob o rei Eduardo I, estava em guerra com a Escócia. Em 1314, seu filho, Eduardo II, contratou os escoceses na Batalha de Bannockburn. Segundo a lenda vitoriana, os escoceses venceram a batalha em grande parte devido à intervenção da Ordem dos Templários, no lado de seu rei Robert Bruce.

Na realidade, nenhum dos contemporâneos ou quase nenhum contemporâneo de contas da batalha Bannockburn mencionam os Templários em tudo, e a excomunhão do rei Robert Bruce tinha muito boas razões para ter nada a ver com os Templários, já que ele estava desesperado para manter do lado direito do Papa e do Rei da França. Também é interessante notar que dois membros da Ordem dos Templários tinham lutado por Eduardo I na batalha de Falkirk, em 1298. Militarmente, ele conseguiu muito bem sem eles a partir de 1307-1314 e de 1314-1328 e a história só poderia ser vista como uma concessão ao orgulho Inglês - o 'motivo' real para a sua perda não é porque estavam lutando contra os escoceses, mas contra uma força de elite de cavaleiros. Esta lenda é a base para graus no convite da Ordem Maçônica conhecida como a Ordem Real da Escócia.

Descobridores do Novo Mundo

Embora a Ordem dos Templários foi oficialmente dissolvido após 1300, alguns acreditam que os templários, possuíam uma frota considerável de navios embora não haja nenhum vestígio de sua existência em qualquer registro histórico, e podem ter fugido para o Novo mundo, seguindo antigas rotas dos Vikings, fazendo uma das viagens pré-colombianas a América.

Em Portugal, os Templários não dispersaram, mas simplesmente mudaram seu nome para Cavaleiros de Cristo. Em 1492, este grupo é acusado de ter fornecido navegadores para a viagem de Cristóvão Colombo, e cruz da Ordem Cruz Pátea foi proeminentemente caracterizadas nas velas dos seus navios, porém não há nenhuma evidência real para apoiar isso.

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Lendas sobre associações com outras Ordens

Mais especulação giram em torno da associação dos Templários com outras Ordens. Esta questão é adicionalmente confusa porque algumas Ordens, como a Maçonaria, passou a adotar os símbolos e as tradições dos Templários em 1700.  Outra moderna mas muito menor são as reivindicações de ascendência dos Templários a Ordem Suprema Militar do Templo de Jerusalém.

Historiadores revisionistas e teóricos da conspiração afirmam que os Cavaleiros Templários armazenaram conhecimento secreto, ligando-os a miríade de outros temas: os Rosacruzes, os cátaros, o Priorado de Sião, Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, o Hermetismo, os Ebionitas, os Deus Rex, relíquias ou evangelhos perdidos de Tiago, o Justo, Maria Madalena e Jesus como o "Testamento de Judas, rei Salomão, Moisés e, finalmente, Hiram Abif e os mistérios do Antigo Egito. Isto, por sua vez, tem contribuído para os Cavaleiros Templários ter várias influências sobre a cultura popular.

Caveira e ossos cruzados

Muitos locais são ditos terem várias ligações com os Templários, com vários graus de confiabilidade. Uma especulação comumente citada tem a ver com uma pintura templária que estava no telhado de um edifício em Templecombe, na Inglaterra. Atualmente em exibição em uma aldeia na Igreja de St Mary, algumas pessoas acreditam que é uma imagem templária encomendada de Cristo ou a cabeça sem corpo de João Batista .

A seguir está uma lista de alguns dos lugares que têm sido associados com os Cavaleiros Templários, quer na ficção ou em lendas, mas que ainda não foram provados a ter uma associação de fato. Poço das Almas em Jerusalém Oak Island, Nova Escócia região do oeste lendário Acadia atualmente da Nova Escócia é um derivado de Arcádia, a mítica e utópica visão idílica da mitologia da Renascença.

Os Acadianos da Nova Escócia e a povo de Cajun da Louisiana espalham boatos por serem descendentes dos antigos Cavaleiros Templários. Igreja de Laon, na França Igreja Redonda de Lanleff na Bretanha, França O castelo de Barberà em Espanha O Castelo de Ponferrada, na aldeia homônima em León, Espanha Capela Chwarszczany na Polónia Bannockburn, local da Batalha de Bannockburn na Escócia Capela de Rosslyn e Igreja de Orphir na Escócia Caverna de Royston, estradas sob a cruz formada pela Icknield Way e Ermine Street Hertford, Inglaterra Santo Sepulcro em Cambridge, a Inglaterra Santo Sepulcro em Northampton, Inglaterra La Chapelle-Saint-Georges d'Ydes em França Igreja de San Jacopo em Campo Corbolini, em Florença, Itália Castelo de Almourol, Portugal Templo, Midlothian, Escócia Templo Bruer, Lincolnshire Igreja da Trindade Nova York em Wall Street, em Nova York

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As lendas "históricas" de Nossa Senhora do Cabo

Da análise dos relatos lendários - mas com possível base histórica - que nos narram os acontecimentos do Cabo Espichel, podemos distinguir nitidamente duas tradições diferentes: numa primeira lenda, a descoberta da imagem é atribuída exclusivamente a homens da Caparica, na margem sul do Tejo; numa segunda lenda, o achamento é atribuído a dois anciãos de Alcabideche e da Caparica, localidades que de algum modo representam as duas margens do Tejo em que o seu culto virá a adquirir forte expressão popular.

Quanto à primeira tradição, Frei Agostinho de Santa Maria narra-a de forma bastante lacónica no seu "Santuário Mariano: “ No mar Oceano, para a parte do meio dia a sul] da Corte, e Cidade de Lisboa, mete a terra hua ponta, ou despenhada rocha, a que os navegantes chamam o "Cabo de Espichel", e os antigos chamaram Promontório Barbárico.

Neste sítio sobre a rocha se vê ao presente rua Ermidinha, que se edificou para memória, a que chamam o Miradouro; é tradição constante, que aparecera a imagem de nossa Senhora que por ser vista naquela rocha, a que chamão Cabo, a denominàrão com este título." E passa a identificar os autores da descoberta: "Os venturosos", e os que primeiro descubriram este rico tesouro, foram alguns homens da Caparica, que iam aquela serra a cortar lenha; e daqui teve principio serem eles os primeiros também, que a festejassem. Por esta causa vão todos os anos com o seu sirio a solemnizar a sua festa em o primeiro Domingo de Junho.

Frei Agostinho conta-nos esta tradição nos primeiros anos do século XVIII. Mais de um século depois, Frei Cláudio da Conceição editará a sua "Memória da Prodigiosa Imagem de Nossa Senhora do Cabo", em que menciona as lendas fixadas pelo seu antecessor; todavia, diz preferir uma «outra tradição também constante, e de tempo immemorial, qual e a do Saloio de Alquebideche Alcabideche, e a mulher de Caparica, cuja tradição he de todos a mais seguida.

Sonhou um venturoso homem de Alquebideche, que naquele Promontório via, e admirava uma luz remota; e então diz «como Moisés, quando o Senhor lhe apareceu em Madian no meio da Sarça, que ardia sem se consummir: é necessário que eu vá reconhecer esta grande maravilha que estou vendo.

Colocando-se a caminho, e sendo a viagem difícil, «da calma procura alivio ao cançado corpo; e aqui se diz tivera o encontro com a devota mulher de Caparica, a qual sabendo também do maravilhoso caso, com indústria apressára os passos, deixando o Saloio entregue ao sono, e chegando primeiro ao sitio do Cabo, ficára para sempre Caparica com a preferência nos Cultos».

Finalmente no Espichel, o homem de Alcabideche «vê acordado, o que gozou dormindo: vê a Luz mais pura, goza da claridade mais perfeita. Sim, vê a Prodigiosa Imagem da Mãe de Deus, a quem já adorava a venturosa Caparicana». Logo o saloio «se prostra junto a ela reverente; e conhecendo ser vontade de Deus, que se desse Culto a sua Santíssima Mãe naquele lugar retirado, na solidão do deserto assim o prometem, e se tem praticado até ao presente .

A Senhora da Pedra de Mua

Paralelamente a estas tradições existe ainda uma lenda claramente mítica, que nos dá conta do milagroso aparecimento da Senhora da Pedra de Mua. Frei Agostinho de Santa Maria  narra-a com pormenores:  afirmam que a Senhora aparecera na praia que lhe fica embaixo da mesma penha, onde se edificou a Ermidinha, e que aparecera sobre sua jumentinha, e que esta subira pela rocha acima, e que ao subir ia firmando as mãos, e os pés na mesma rocha, deixando impressos nela os vestígios das mãos, e pés .

Sublinhando que «de ser isto assim o afirmava a tradição dos que viram estes mesmos sinais, que hoje já tem gastado, e consumido o tempo», acrescenta que a Ermida «se fundou no lugar aonde a Senhora parou, naquela liteirinha vivente que a levava» e que a capela «desfez muitas vezes o tempo; mas a devoção dos que a servem, a reformou outras tantas vezes, apesar dos seus rigores.

Saliente-se ser frei Agostinho de Stª Maria o único autor antigo a mencionar esta tradição. Todavia, a lenda surge-nos igualmente contada - com alterações - nos azulejos historiados da Ermida da Memória: aí se lê, em autêntica banda desenhada setecentista, que foram os dois velhos de Alcabideche e da Caparica quem presenciou o milagre da subida de Nossa Senhora pela arriba, montada na sua mula e transportando o menino ao colo. Estes azulejos relatam, assim, uma versão composta das duas tradições: a da subida da Virgem e das pegadas da mula, narrada por Agostinho de Stª Maria, e a dos dois anciãos que descobriram a imagem, narrada por Cláudio da Conceição.

As pegadas atribuídas à burra de Nossa Senhora são, na realidade, registos icnofósseis de dinossauros. É nos terrenos de transição do Jurássico Superior 145-150 milhões de anos para o Cretácico Inferior 110-120 milhões de anos que se encontram os vestígios destes animais.

Os estudos realizados no Jurássico Superior na jazida conhecida por Pedra da Mua praia dos Lagosteiros permitiram detectar aqui abundantes pistas de saurópodes e terópodes. Trata-se, aliás, do «primeiro exemplo convincente de comportamento gregário nos saurópodes, reconhecido numa jazida icnológica europeia, bem como o melhor testemunho conhecido de tal comportamento entre saurópodes juvenis.

Estes saurópodes "viajavam evidentemente em dois subgrupos constituídos por pequenos animais e por animais maiores . Mas todos viajavam na direcção sudeste. Nenhum outro exemplo de pegadas de um grupo gregário de brontossauros é atualmente conhecido em que os indivíduos apresentam marcas de pés tão pequenas.

Num outro trilho da pequena calheta dos Lagosteiros, do Cretácico Inferior, situado na parte superior da arriba norte da praia e que foi inicialmente uma laguna abrigada por recifes coralíferos, observam-se pistas idênticas às anteriormente descritas, nomeadamente as pegadas de ornitópodedes, de um terópode bípede com três dedos e o rasto de uma cauda. É precisamente a primeira dessas pistas - uma laje calcária no lado sul da praia dos Lagosteiros, com mais de 40º de inclinação, quase a prumo sob a Ermida da Memória – que foi interpretada como o rastro milagroso deixado por uma mula gigante que teria transportado a Virgem do mar até ao topo da arriba; e por isso ficou o local conhecido por Pedra de Mua, antiga forma de mula, feminino de mula ou macho, atualmente ainda reconhecível na expressão gado muar ou no verbo "amuar". Daqui proveio a invocação de Santa Maria da Pedra de Mua, equivalente às de Santa Maria do Cabo e Nossa Senhora do Cabo

Um culto medieval

É possível - até provável - que o culto a Nossa Senhora do Cabo constitua a cristianização tardia de cultos muito anteriores que houvessem já sobrenaturalizado o local, num contínuo de sucessivas sacralizações que se estendem desde a época pré-histórica até ao domínio muçulmano.

A zona saloia onde a devoção à Senhora do Espichel irá assumir eloquentíssima expressão é, precisamente, uma região cultural e antropológica de forte substracto mouro; e a vizinha localidade da Azoia do árabe az-zawiya indica a existência de antigas peregrinações ao túmulo de um homem santo, das quais os círios em honra da Senhora do Cabo constituiriam afinal a atualização cristã.

Quanto à época em que se terá verificado o achamento da imagem da Senhora, Frei Agostinho de Santa Maria é pouco esclarecedor: «Quanto ao tempo em que a Senhora apareceu, não podemos certamente dizer o ano em que foi ; no entanto, logo adianta ser certo «que foi no reinado del Rei Dom João Primeiro.

Frei Cláudio da Conceição concorre com esta opinião, afirmando peremptoriamente que «esta função o culto à Senhora do Cabo é muito antiga, data do tempo do Senhor Rei D. João I. Sabe-se, todavia, que ao contrário da opinião destes dois autores, o culto estava já plenamente estabelecido no século XIV, conforme o atesta um documento da chancelaria de D. Pedro I.

Agostinho de Santa Maria explica a sua opinião assinalando que, tendo sido a Ermida doada à Ordem de S. Domingos em 1428, "já deviam ter passado muitos anos do seu aparecimento; porque já lhe ofereciam o sítio com casa, em que pudesse louvar a nosso Senhor."

Esta doação da ermida e dos seus terrenos foi feita em 18 de Novembro daquele ano por Diogo Mendes de Vasconcelos, cavaleiro comendador de Sesimbra e de Ourique, ao convento lisboeta de São Domingos de Benfica, fundado por D. João I. Em 1390, o Rei concedeu a comenda de Sesimbra a Diogo Mendes de Vasconcelos, que ali terá mandado exigir a Ermida, já que dela afirma ter «senhorio, e posse, e propriedade, e direito», acrescentando: «e tiro de mim, e deixo todo senhorio, e posse, e propriedade, e direito, que eu hei, e tenho no dito lugar, e hermida, e ofrendas».

Pelo documento da doação - reproduzido textualmente por Frei Luís de Sousa se vê que, sendo o cavaleiro admirador da «discrição, e bondade, e bom viver» daqueles frades, e vendo que «a hermida, e lugar, e limite de Santa Maria da Pedra de Mua é bom, e honesto, lugar para nele viver, lhes dá «perpetuamente para sempre a dita hermida, e lugar, e direito dele, e seu limite com todos as honras, e direitos.

Só que já não era a primeira vez que Diogo Mendes de Vasconcelos tentava oferecer a Ermida do Espichel para ali se edificar um convento. De fato, Frei José Pereira de Santana reproduz a «carta de consentimento e autoridade» passada em 22 de Fevereiro de 1414 pelo cónego da Sé de Lisboa Estêvão Gonçalves, em nome do Arcebispo de Lisboa D. João Afonso de Azambuja, na qual afirma que «Diogo Mendes Commendador de Cezimbra me mandou dizer, que na dita sua Commenda de Cezimbra é edificada sua Ermida, a quem chamam Santa Maria do Cabo, que se logo lugar de grande romagem, e devoção: e que ele por o bem, e saúde de sua alma, e remuimento de seus pecados queria fazer pura, e irrevogável doação da dita Ermida, e oferecia o dito Oratório, e logo onde ele está ao Mosteiro de Santa Maria do Carmo de Lisboa.

Outras datas foram sendo mencionadas por diversos autores, mas sem qualquer base documental conhecida. Num manuscrito inédito intitulado "Aparições de Nossa Senhora da Luz, do Cabo Espichel, etc.", que datamos dos finais do século XVI, afirma-se que a imagem foi encontrada em 1275, data que todavia não é mencionada em qualquer outro documento. Por seu turno, o "Dicionário Histórico, Corográfico, etc." de Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues 1904/1915 popularizou a data de 1250, que foi retomada pela "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", mas para a qual não encontramos quaisquer indicações concretas.

Por este motivo, consideramos que estas datações não oferecem crédito.

Os círios à Senhora do Cabo

Perde-se na história dos séculos a realização, em terras de Portugal, de romarias cíclicas anuais a diversos santuários, com a participação de romeiros organizados por freguesias. Essas irmandades de romeiros levavam outrora uma tocha de cera o círio para oferecer à divindade; por este motivo, ao grupo de romeiros se passou a dar a designação metonímica de "círio", muito comum em toda a zona da Estremadura.

Os "círios" constituem verdadeiras procissões de longo curso, revestindo frequentemente a forma de "giros" entre várias freguesias, geograficamente afastadas não só entre si mas também do santuário; nestes casos, cada freguesia organiza o culto anualmente e a vez, sucessivamente, segundo uma ordem pré-determinada pela tradição o "giro.

Revelando-se como atos eminentemente coletivos, consistem na deslocação de comunidades de fiéis ao santuário, capela ou igreja ou, como é actualmente o caso dos "círios saloios" de Nossa Senhora do Cabo, na recepção por essa comunidade da bandeira e da imagem da Senhora.

Por isso os "círios", sobretudo quando organizados em "giros", são uma antiga prática religiosa e cultural que contribui para o reforço dos sentimentos de vizinhança e de coesão social das comunidades, permitindo e fomentando o estabelecimento de relações profundas e continuadas entre localidades afastadas, quer geográfica, quer culturalmente.

Não se trata de um culto individual, como acontece na maioria das romarias minhotas ou em Fátima, mas de um verdadeiro voto coletivo, de um ato ritual espontâneo feito por toda a comunidade e por ela assumido. Em muitos casos, como no da Senhora do Cabo, na origem do "círio" está a proteção contra catástrofes naturais, ligadas aos flagelos da agricultura ou às epidemias de peste; por esse motivo, e porque o perigo é ou foi colectivo, também a promessa o é, devendo ser paga pela comunidade como um todo ou por uma Confraria em seu nome, ao longo de sucessivas gerações de romeiros.

É também neste sentido que se compreende o grande destaque dados aos "anjos", jovens que no decurso do cortejo processional vão cantando as "loas" em honra da Senhora: são eles quem representa a voz do povo, que assim contacta o santo.

E como este intermediário não pode ter mácula - já que representa a própria comunidade dos crentes - devem os anjos ser sempre rapazes com idade nunca superior aos 12 anos… No dealbar do século XV estava já edificada ou reedificada a pequena capela de Santa Maria do Cabo ou Santa Maria da Pedra de Mua, atualmente conhecida por Ermida da Memória, ali se realizando grandes romarias.

Estas peregrinações populares foram crescendo de importância e, em 1430, trinta freguesias da zona saloia - dos atuais concelhos de Lisboa, Sintra, Cascais, Mafra, Loures, Odivelas e Oeiras - combinaram organizar-se entre si, instituindo um "giro" anual: cada uma delas iria, anualmente e à vez, prestar culto ao santuário do Cabo Espichel.

No início do século XVIII retiraram-se quatro freguesias, pelo que o giro saloio é desde então constituído por apenas 26 localidades: S. Vicente de Alcabideche, Linda-a-Velha desde 2012, em substituição de S. Romão de Carnaxide, S. Julião do Tojal, S. Pedro de Penaferrim, Nª Srª da Misericórdia de Belas, Stª Maria de Lourdes, S. Lourenço de Carnide, S. Pedro de Barcarena, S. Pedro de Lousa, Stº Antão do Tojal, Nª Srª da Purificação de Oeiras, Nª Srª do Amparo de Benfica, S. Domingos de Rana, S. João das Lampas, Nª Srª da Purificação de Montelavar, Nª Srª de Belém de Rio de Mouro, Nª Srª da Ajuda de Belém, Ascensão e Ressurreição de Cascais, Santíssimo Nome de Jesus de Odivelas, S. Martinho de Sintra, S. Pedro de Almargem do Bispo, Stº Estêvão das Galés, Nª Srª da Conceição da Igreja Nova, S. João Degolado da Terrugem, S. Saturnino de Fanhões, Stª Maria e S. Miguel de Sintra. Para além do "círio dos saloios", também a cidade de Lisboa e algumas localidades da margem sul do Tejo realizavam romarias à Senhora do Cabo.

A Caparica, com as suas quatro "varas" de Monte Sobreda, Trafaria e Costa organizadas em giro anual, terá mesmo sido a primeira a festejar a Senhora; e Seixal e Arrentela, Almada, Palmela, Azeitão e Sesimbra, bem como Setúbal e Coina, fizeram-no igualmente.

Hoje em dia, a tradição apenas permanece em Palmela, Sesimbra e Azóia.

As Confrarias de Nossa Senhora do Cabo

A primeira Confraria de Nossa Senhora do Cabo foi instituída em 1432. Dizem as "Memórias" manuscritas que se conservam na Biblioteca Nacional de Lisboa: "E para que tudo assim concordado ficasse valioso, e firme, requereram ao Senhor Arcebispo de Lisboa, que então era D.Pedro de Noronha",a aprovação de "aquela forma de Círio, e Círculo de Freguesias, cada uma inteiramente representada pelo seu próprio Pároco, e pessoas dela mais distintas", ficando "isentas de pagarem quaisquer direitos paroquiais a nenhuma outra, durante o seu festejo".

Em 1671, os procuradores das 30 freguesias reuniram-se em Belas - por ser a mais central de todas - e "aí formaram a partir dos antigos Estatutos que então havia, um Compromisso, o qual hoje, ainda que, com alguma diferença, rege esta Confraria.

Este segundo compromisso, o único que até nós chegou, data de 1672, com estatuto comprovado por Bula Apostólica de Francisco Ravizza, Núncio do Reino, embora só em 1697 se tenha verificado a sua aprovação pelo Ordinário, por provisão de 19 de Setembro desse ano assinada pelo Cardeal-Arcebispo de Lisboa, D. Luís de Sousa, reinando D. Pedro II. O compromisso estabelecia que "não entrará a servir nesta Confraria homem, que tenha rassa de judeo, nem de outra infesta nação, ou mulato", o que na época acontecia com a generalidade das Confrarias; e "sendo caso que ellejão algum, e o queirão na sua Freguezia, os Louvados, ou Mordomos do Bodo, ou qualquer Confrade, serão obrigados a deitalo fora, e logo elegeram outro homem, que tenha as partes suficientes".

Dos seus corpos deveriam fazer parte "homens beneméritos , não respeitando a afeição, mas ao merecimento de cada um", sendo eleitos "conforme o seu merecimento, não os antepondo a quem mais merecer"; e advertia-se que "senão eleja Clerigo salvo se em a Freguesia não houver Leigos, que possam servir", numa óbvia afirmação de autonomia face à instituição eclesiástica.

As grandes festas tradicionais

O século XVIII vai assistir a algumas alterações das velhas tradições dos "círios saloios", desde logo porque quatro das 30 freguesias irão abandonar o "giro": Nossa Senhora da Purificação de Bucelas em 1709, São Silvestre de Unhos em 1711, São Lourenço do Arranhol em 1716 e Santo André de Mafra em 1722.

Desde 1430 que as freguesias iam anualmente festejar a Senhora no seu templo do Cabo Espichel, no primeiro domingo após a Quinta-Feira de Ascensão: nesse dia, a bandeira da Senhora era entregue ao pároco e aos mordomos da freguesia que deveria festejar no ano seguinte.

Em 1751, porém, foi introduzida uma mudança no antigo ritual, que resistira praticamente intocado durante mais de três séculos: a passagem de testemunho entre os festeiros, que até então se efectuara unicamente através da entrega da Bandeira, passou a ser também realizada com a presença de uma Imagem Peregrina oferecida pela freguesia da Terrugem e que ainda hoje figura nos "círios saloios".

Nesse mesmo ano se instituiu igualmente um capelão próprio para os "círios saloios", em paralelo com o capelão nomeado pela Casa do Infantado proprietária nominal do santuário, que tinha por obrigação dizer missa quotidiana "por todos os vivos, e defuntos Confrades.

Já no final do século XIX assistir-se-ia ao término de uma outra tradição muito antiga: a de as freguesias se deslocarem em peregrinação anual ao Cabo Espichel, atravessando o rio Tejo entre Belém e Porto Brandão, e daí seguindo pelas praias ou por terra até ao santuário, onde decorriam as cerimónias de entrega ou recepção da Imagem Peregrina.

Deste modo, e desde 1887, a Imagem Peregrina passou a ser entregue directamente entre as freguesias, deixando-se de se verificar a deslocação ao santuário a não ser ocasionalmente. Nos últimos anos, as paróquias do Giro têm voltado a deslocar-se ao Cabo Espichel, levando consigo a imagem e a bandeira, de modo a recuperar a velha tradição, mais facilitada hoje em dia pelos modernos meios de transporte.

O esplendor do séc. XVIII

A sempre crescente afluência de peregrinos ao Cabo Espichel para aí venerarem a Senhora aparecida levou a que, desde muito cedo, a pequena ermida do século XIV/XV se revelasse demasiado exígua. Por isso, em 1495, dá-se início a construção de uma primeira igreja na vasta esplanada do promontório, da qual não existem hoje quaisquer vestígios.

Será o rei D. Pedro II a mandar edificar a actual Igreja de Nossa Senhora do Cabo através da Casa do Infantado, de que era senhor seu irmão o Infante D. Francisco, e à qual então pertencia a propriedade. O projecto barroco foi iniciado em 1701, com direcção do arquitecto real João Antunes; em 1707, a imagem primitiva de Nossa Senhora - que desde sempre se conservara na Ermida da Memória - foi daí transferida para o novo templo.

O século XVIII irá marcar o santuário do Espichel com todo o esplendor cenográfico do Barroco, tendo sido lançados sucessivos programas de ampliação e redecoração da Igreja de Nossa Senhora do Cabo e de outras dependências em que se incluia, por exemplo, um pequeno mas bem apetrechado Teatro de Ópera.

Entre 1718 e 1722 são abertos dez altares na espessura das paredes, revestidos por rica talha policromada, oferecidos pelos "círios" de ambas as margens do Tejo. Entre 1715 e 1794 edificam-se as Hospedarias para os romeiros, de acordo com um desenho planificado de raiz, constituídas por unidades unifamiliares, integrando uma "loja" e um "sobrado", que se desenvolvem em duas alas em torno da Igreja e que com ela delimitam a extensa esplanada do santuário o "arraial".

As suas arcadas, que sustentam o andar dos sobrados, conferem ao conjunto o carácter popular da arquitectura saloia e ruralista, em contraste com a exuberância barroca da Igreja, emprestando ao Cabo Espichel um ambiente único entre todos os santuários de peregrinação portugueses. Cerca de 1740 são instalados dez painéis azulejares no interior da Ermida da Memória.

Estes painéis - verdadeira banda desenhada do século XVIII - contam-nos a história do culto a Nossa Senhora do Cabo, documentando a construção da ermida, das igrejas e das hospedarias, bem como a realização dos "círios" populares.

Também em 1740, D. João V oferecerá uma berlinda com a Coroa Real a Nossa Senhora do Cabo e enriquecerá a Igreja do Espichel ao mandar pintar o tecto por Lourenço da Cunha, o maior mestre português do seu tempo, especializado em "pinturas em perspectiva". D. José I mandará repintar o tecto, bem como todas as capelas, a ele se devendo igualmente as obras de construção de um Aqueduto no Cabo Espichel ligando a localidade vizinha da Azóia ao promontório, de uma Casa da Água de desenho palaciano e de uma horta murada, para abastecimento exclusivo dos peregrinos.

Estas obras mandadas executar por D. José I justificam-se pela grande importância que a Corte então atribuía a estas manifestações de religiosidade, desenvolvidas em cerimónias áulicas de forte impato popular, nas quais o sagrado se reunia indissoluvelmente com o profano.

Nesse ano de 1770 realizaram-se no Espichel monumentais celebrações, a que assistiram a Família Real e toda a grande nobreza do Reino, apenas excedidas aquando da deslocação de D. Maria I ao santuário, em 1784. A partir de 1807, com a ida da Corte para o Brasil devido às invasões francesas, as festas conheceram um natural e inevitável abrandamento, contrabalançado por um forte incremento registado durante o período miguelista.

Apesar do seu progressivo declínio, os "círios saloios" continuaram a contar com a devoção e o contributo da Família Real, nomeadamente com D. Maria II, D. Pedro V, D. Maria Pia e D. Carlos I. Após um breve interregno registado entre 1910 e 1926, as romarias populares em honra de Nossa Senhora do Cabo foram retomadas, tendo prosseguido até hoje praticamente sem interrupções.

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Amigo de Peniche

Amigo de Peniche é uma expressão idiomática de Portugal que se refere a um falso amigo - um parceiro desleal que não merece confiança e está apenas interessado em receber às custas de outros sem oferecer nada em troca. É o equivalente da expressão amigo da onça do Brasil, também usada em Portugal.

A expressão tem origem no contexto da crise de sucessão de 1580, quando Filipe II de Espanha obteve a coroa portuguesa em detrimento de D. António, Prior do Crato. Em 26 de Maio de 1589, uma força de 6500 soldados ingleses desembarcou na praia da Consolação, próxima de Peniche, sob o comando de Robert Devereux, 2º Duque de Essex.

Fazia parte de uma expedição militar de 140 navios e 27 600 homens ou 20 000 homens e 170 navios sob o comando de Francis Drake e pelo almirante John Norris, com ordens de Isabel I da Inglaterra para recolocar D. António no trono de Portugal e restaurar a soberania portuguesa.

Simultaneamente com a legitimidade de respeitar a Aliança Luso-Inglesa, Isabel I desejava impedir os esforços espanhóis de reconstituição do poderio naval após a derrota da Invencível Armada, e evitar uma nova tentativa de invasão espanhola à Inglaterra.

A ação militar começou com sucesso: a Praça-forte de Peniche caiu em poder dos homens de Essex e a guarnição portuguesa, submetida ao comando espanhol, não opôs grande resistência. Enquanto as tropas que desembarcaram rumavam por terra a Lisboa, o resto da frota, sob o comando de Francis Drake, seguiu para Cascais. Os objectivos da invasão eram cercar Lisboa por terra e por mar, e ocupar os Açores de modo a cortar a rota da prata espanhola.

A palavra foi passando entre os portugueses: "Vem aí os nossos amigos, que desembarcaram em Peniche…", mas no caminho para Lisboa as forças inglesas mereceram a desconfiança portuguesa ao saquear Atouguia da Baleia, Lourinhã, Torres Vedras, e Loures.

Às portas da capital as forças terrestres colocaram-se inicialmente no Monte Olivete atual freguesia de São Mamede mas mudaram-se para a Boa Vista, o Bairro Alto e depois para a Esperança, quando D. Gabriel Niño abriu fogo com os canhões do Castelo de São Jorge.

A artilharia prometida por Isabel I a D. António não viajara na expedição, o que limitava a capacidade de resposta dos ingleses. Os ingleses é que não esperavam era que Duque de Bragança, D. Teodósio II, como grande rival político de D. António que era e como condestável de Portugal, ao perceber que as forças que avançavam não tinha o apoio necessário para vencer, põe-se a favor dos castelhanos.

É por esta razão, à frente de um exército de 6.000 homens e portugueses, reforça as defesas de Lisboa. Em Cascais, Francis Drake aguardava a entrada terrestre em Lisboa para cercar a cidade no rio Tejo; mas os homens de John Norris foram ineficazes no ataque à capital bem fortificada e melhor defendida, onde os espanhóis tinham reforçado a guarnição e a repressão. As prisões estavam cheias, as execuções de resistentes sucediam-se.

Entretanto, os patriotas dentro das muralhas que estavam prontos a combater e sabiam do desembarque inglês interrogavam-se: "Que se passa com os nossos amigos que desembarcaram em Peniche? Quando chegam os nossos amigos de Peniche?" O empenho dos portugueses na ação militar também falharia. De modo a conseguir o apoio militar de Inglaterra, D. António recorrera ao argumento de que as populações portuguesas se sublevariam ao seu lado contra os espanhóis, de tal modo que talvez nem fosse necessário combater.

Mas a ocupação assentava numa repressão feroz, reforçada com a ameaça da invasão, e o levantamento popular não aconteceu. Menos de um mês depois do desembarque, a expedição inglesa regressou à armada ancorada em Cascais, deixando os portugueses adeptos do prior do Crato a perguntar-se o que era feito daqueles "amigos de Peniche". Mais atacados pela peste do que em combate, os ingleses tinham sofrido danos importantes sem alcançar qualquer dos objectivos.

Desde esse tempo, a expressão "amigos de Peniche" passou a designar todos os falsos amigos. Consequências culturais Existe uma outra lenda, sem fundamento histórico, sobre a origem da expressão: durante o cerco a Lisboa, nas invasões napoleónicas, a população de Peniche teriam prometido transportar víveres por mar para o porto da capital.

Mas nunca teriam aparecido, nem sequer tentado, e as pessoas no porto ficaram a desesperar pelos "amigos de Peniche". Devido à imagem negativa que os penichenses acarretam devido à expressão, a Câmara Municipal de Peniche divulgou e realizou uma encenação da versão histórica dos acontecimentos, com os objectivos de repelir o anátema e "identificar os autênticos amigos de Peniche". A encenação teve lugar na Fortaleza de Peniche em 27 de Maio de 2006.

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Lenda da Inês Negra

A "Inês Negra" é uma lenda popular da região de Melgaço, no norte de Portugal. No contexto da crise de sucessão de 1383-1385, ainda em princípios de 1387 algumas terras e praças-fortes mantinham-se fiéis a Beatriz de Portugal, esposa de João I de Castela.

Nessa qualidade, Melgaço e seu castelo sofreram assédio pelas forças portuguesas, sob o comando de João I de Portugal 1385-1433.

A campanha caracterizou-se por uma série de assaltos e escaramuças, onde se defrontaram a nobreza, encastelada na cerca da vila, dominada pelo castelo e sua torre de menagem, e as classes populares, extra-muros, no chamado "arraial".

Um episódio, símbolo desse confronto, chamou a atenção do cronista Fernão Lopes que em sua crónica coeva registou que, certo dia, "escaramuçaram duas mulheres bravas, uma da vila e outra do arraial, e andaram ambas aos cabelos e venceu a do arraial". Fernão Lopes, Crónica de D. João I, 1443.

Posteriormente, outro cronista - Duarte Nunes de Leão - coloriu esta história com detalhes literários na sua pena, afirmando que a mulher do arraial, que combateu por Portugal, era conhecida como a "Inês Negra".

Em nossos dias a lenda é recordada por uma estátua, em bronze sobre pedestal de granito, da década de 1990, do escultor José Rodrigues, diante de uma das portas da cerca da antiga vila medieval em Melgaço.

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